sexta-feira, 19 de maio de 2017

Universidade Federal do AP faz chamada pública após TRF suspender liminar sobre cotas

Decisão atendia candidatos que não concordam com retificação no processo seletivo. Unifap reconheceu equívoco, mas alega ter retificado edital dentro do prazo. Chamada acontecerá no fim do mês.

Com a suspensão de liminar da Justiça Federal, a Universidade Federal do Amapá (Unifap) publicou um novo edital convocando alunos para a chamada pública do processo seletivo 2017 da instituição nesta quinta-feira (18). A medida teve aval a partir da decisão favorável do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região a um recurso impetrado pela Unifap pedindo a manutenção da política de cotas no processo.


O certame estava suspenso desde o dia 4 de abril, depois que quatro candidatos de ampla concorrência entraram com ação na justiça federal. Eles solicitaram que não fosse mantida a política de cotas na convocação para matrícula de candidatos em lista de espera, que foram aprovados e não classificados.

A oportunidade de 50% das vagas aos cotistas foi dada a partir de uma retificação no edital do processo seletivo que, para os candidatos de ampla concorrência, foi ilegal.

Os candidatos que impetraram a ação poderiam não ser chamados, de acordo com a retificação. A chamada pública aconteceria inicialmente entre os dias 10 e 12 de abril.

A reitora da Unifap, professora Eliane Superti, afirmou que houve um equívoco e que a retificação foi feita dentro do prazo, antes que iniciassem as inscrições para o processo seletivo.

“Nos equivocamos no quantitativo de vagas, por motivos que não precisamos externar, que seria menor do que deveríamos fazer, observando a lei. Nós percebemos isso quando a lei foi reeditada no fim de 2016, incluindo os deficientes físicos. Fizemos então uma retificação dentro do prazo, ainda quando o processo estava em divulgação, antes do início das inscrições”, comentou Eliane. 
 
Eliane Superti, reitora da Universidade Federal do Amapá (Foto: Fabiana Figueiredo/G1)
 A decisão do TRF saiu na terça-feira (16). Desde que o certame foi suspenso, movimentos sociais fizeram diversos atos e mobilizaram personalidades da política, pedindo decisão favorável ao restabelecimento das cotas na chamada pública.
“Entendemos que a lei de cotas é um ganho social efetivo. Acreditamos que cumprir a lei e respeitar esse princípio que foi de luta, principalmente da população afrodescendente, é respeito a democracia. Isso não significa que temos posicionamento contra à questão judicial, mas lutamos por aquilo que acreditamos ter sido feito de forma correta”, disse a reitora.

LEI DE COTAS 

A Lei nº 12.711/2012 garante a reserva de 50% das matrículas as instituições de ensino superior e técnico a candidatos oriundos integralmente do ensino médio público, levando em consideração renda per capita, raça e deficientes físicos.
A implantação das cotas, por determinação do governo federal, deveria acontecer de forma progressiva ao longo de quatro anos subsequentes a lei, até chegar à metade da oferta total das vagas no ensino público.

No processo seletivo de 2016, a universidade adotou 12% das vagas e repetiu o percentual no certame de 2017. A retificação aconteceu, portanto, para determinar os 50% das vagas destinadas aos cotistas, em fevereiro, e aumentando também o período de inscrições.

Chamada pública PS 2017

De acordo com o edital publicado nesta quinta-feira, a chamada pública acontecerá de 30 de maio a 1º de junho, sempre começando às 15h, obedecendo à ordem de classificação na lista dos candidatos aptos a disputar as vagas dos cursos de graduação que não foram preenchidas pelos aprovados no processo seletivo.

O candidato convocado deverá estar no local da chamada ou enviar um representante, de posse de documentos pedidos no edital para efetivar a matrícula. O candidato que não comparecer perderá o direito à vaga.
As aulas para os cursos de graduação na Unifap iniciaram no dia 17 de abril. De acordo com Eliane Superti, a celeridade na chamada pública é para que os futuros acadêmicos não sejam prejudicados com a judicialização do processo.



“Esses alunos, quanto mais tarde ingressarem na universidade, mais dificuldades terão em repor o conteúdo. Eles não estão reprovados por faltas, vamos negociar a ausência deles com os colegiados para que não tenham prejuízo acadêmico. Nossa pressa para vencer esse processo é para colocar mais rápido os estudantes em sala de aula”, disse Eliane.

Por Fabiana Figueiredo

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